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Particularidades da criança e adolescente esportista ou atleta

Por: 3 de fevereiro de 2017No Comments

Saiba quais são os principais aspectos relacionados à essas particularidades para uma criança.

 

A prática de atividade física e esportes iniciada numa fase jovem da vida está relacionada a inúmeros benefícios à saúde no longo prazo e à aquisição de hábitos saudáveis para o resto da vida e, portanto, deve ser incentivada. No entanto, algumas particularidades próprias dessa fase relacionadas aos aspectos físicos e fisiológicos do crescimento e desenvolvimento expõem esses indivíduos a alguns riscos e por isso, são necessários cuidados e abordagens diferenciadas.

As principais peculiaridades da criança e adolescente esportista ou atleta estão relacionadas a aspectos metabólicos, aspectos ventilatórios e cardiovasculares, necessidades nutricionais, termorregulação, não-linearidade do crescimento e variações no grau de maturação. Falaremos um pouco sobre cada um desses fatores em seguida.

 

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Aspectos Metabólicos

Há uma diferença significativa no percentual de tipagem das fibras musculares esqueléticas, com os indivíduos pré-púberes apresentando um maior percentual de fibras oxidativas (tipo I) em relação a fibras glicolíticas (tipo II). Este fator implica principalmente em:

·     Menor capacidade anaeróbica em relação aos adultos, com pior desempenho em atividades de alta intensidade.
·     Melhor adaptação para exercícios em ritmo estável e para utilização de gordura como substrato energético quando comparado a adultos.

 

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Aspectos Ventilatórios e Cardiovasculares

Atletas mais jovens tipicamente apresentam uma resposta ventilatória exacerbada e com menor eficiência em relação aos adultos, com um baixo volume corrente e frequência respiratória aumentada para uma mesma intensidade relativa de esforço.

A ventilação atingida no pico do esforço também aumenta progressivamente na medida em que o crescimento ocorre. Os principais fatores que estão relacionados a essas mudanças são o aumento da complacência do tecido pulmonar, aumento da estatura, aumento da massa magra e melhora dos mecanismos neurais de regulação.

Por apresentar um menor volume cardíaco e sanguíneo, níveis mais baixos de catecolaminas circulantes, menor responsividade dos receptores adrenérgicos e uma menor força de contração das células musculares do coração, as crianças apresentam um menor volume de ejeção sistólico e débito cardíaco durante o exercício.

 

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Como mecanismo compensatório a estes fatores, a frequência cardíaca apresenta tipicamente uma resposta exacerbada para uma mesma intensidade relativa de esforço nessa população.

Entretanto, os atletas jovens possuem uma recuperação pós-exercício mais rápida. O tamanho menor do corpo e consequentemente, da distância e tempo para circulação sanguínea, confere vantagens na cinética de oxigênio e de lactato nestes indivíduos. Esta melhor recuperação pode conferir tolerância natural a maiores volumes de treino ou estímulos repetitivos, o que pode aumentar significativamente o risco de lesões por sobrecarga e exigir um controle rigoroso da carga de treinamento.

Necessidades Nutricionais

A nutrição na infância e na adolescência é de suma importância, já que se trata de uma fase de rápido crescimento e geralmente, de alto gasto energético devido aos níveis de atividade frequente. É particularmente durante a adolescência que boa parte dos hábitos alimentares que perpetuarão na fase adulta são formados. Uma alimentação saudável e que forneça energia e nutrientes suficientes é fundamental não somente para o desempenho esportivo, mas também para que o crescimento e desenvolvimento ocorra adequadamente.

 

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As necessidades de ingestão protéica nesta fase, por exemplo, são maiores do que nas fases posteriores da vida e, apesar de ainda controverso, atualmente já é aceito que a ingestão protéica pode ser de até 2,0 g/kg por dia.

A deficiência de micronutrientes como as vitaminas (principalmente do complexo B), cálcio e ferro devem ter especial atenção nessa população, pois são de importante papel no desempenho esportivo e no crescimento e desenvolvimento. No entanto, o uso indiscriminado de suplementos vitamínicos ou minerais devem ser desencorajados, se não houver quadro clínico sugestivo de deficiência ou restrições dietéticas que o deixe vulnerável à deficiência.

Termorregulação

Atletas jovens possuem mecanismos de termorregulação menos eficientes, pois ganham calor proveniente do ambiente mais facilmente, devido a sua área de superfície corporal proporcionalmente maior, enquanto que a capacidade de suar e dissipar o calor por evaporação é reduzida. Além disso, a aclimatação ao calor demanda um maior tempo nestes indivíduos, o que merece atenção. A hidratação adequada é fundamental para ajudar a prevenir as complicações do estresse térmico.

 

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Não-Linearidade Do Crescimento

O crescimento normal da criança acontece de maneira não-linear e influencia diretamente nas proporções do corpo. Ao nascer, a criança apresenta a cabeça e o tronco proporcionalmente maiores e à medida que se desenvolve, as extremidades começam a apresentar um crescimento maior, até se chegar a um equilíbrio nas proporções do corpo. Essas diferenças do tamanho dos membros e proporcionalidade do corpo conferem à criança características biomecânicas diferentes das dos adultos, e em alguns casos, isso pode representar um risco de lesão aumentado para determinadas sobrecargas.

Variações Associadas Ao Grau De Maturação

Crianças com mesma idade cronológica podem encontrar-se em estágio de maturação biológica completamente diferentes, o que além de influenciar na diferença de desempenho, pode expor o jovem atleta menos maduro a um risco aumentado de lesões, principalmente nos esportes de contato, já que em geral, a idade cronológica é a utilizada para organizar as categorias de disputa.

Por Dr. João Antonio da Silva Jr. Médico do esporte / Sportif.

 

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