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Águas abertas: Juliana Rosignoli conta como foi fazer a travessia de 500 m

Por: 21 de setembro de 20171.173 Comments

Completar uma travessia pra mim surgiu de uma maneira inesperada.

No início desse ano resolvi correr uma maratona, mas estava com sobrepeso. A ideia inicial era implementar mais dias de corrida e, gradualmente, eliminar os quilos a mais. Só que confesso que não queria ter a obrigação de correr mais dias na semana. Nisso, uma amiga me convenceu a voltar a nadar e o namorado apoiou. Fizemos uma aula experimental no TEO e adoramos, com a mudança dos treinos para o ginástico nos animamos ainda mais e, imediatamente, nos inscrevemos na turma da manhã.

 

 

Começaram os treinos, o que, inicialmente, era para perda de peso e para ser um descanso ativo virou amor. A nossa treinadora (Baiana), simplesmente a melhor do mundo, unia a turma, implementava um ritmo forte e tirava de nós um desempenho expressivo, especialmente para os iniciantes como eu. O grupo foi carinhosamente intitulado de “natação por amor” e foi dela, da Baiana, a ideia de fazer uma “prova” de natação. O máximo que eu já tinha participado era daquelas competições de escolinha de natação quando era criança e não achei que fosse possível. Mas ela insistia e dizia: “você vai amar!” e eu achava a ideia loucura, mas ela continuava: você vai dar conta, faz! E assim começou a surgir o plano de uma travessia no final do ano.

Só que no meio do caminho, eis que surge o All Limits. E começa o burburinho: bora fazer, bora nadar na lagoa. E o medo começou a bater! Nunca nadei em águas abertas, no treino simplesmente fiquei em pânico ao ver todos se batendo pra chegar na bóia, imagine em uma prova. Decidi não ir, podia ser perigoso, eu podia travar, não estava preparada, não tinha roupa, era o que eu repetia pra mim! E ai cada uma dessas frases foi desconstituídas pela Baiana (mesmo de longe) e pelo Thiago. Arranjaram roupas para nos emprestar, disseram que estava preparada e que eu não iria travar. Bom, então, num ato de coragem, inscrição feita.

Entretanto, não bastava a inscrição! O Thiago levou a roupa de neoprene antecipadamente e treinamos com ela e ele nos ensinou: se bater pânico ou medo: pára, respira, a roupa vai te ajudar a flutuar. Alguém da turma, já experiente, deu a dica: se cansar demais, vira e dê umas braçadas de costas. Na dúvida, treinei isso na piscina.

 

Além disso, durante todo esse primeiro semestre treinamos a respiração frontal e fomos ensinados como focar na bóia ou em outro ponto maior para nortear a navegação.

No dia anterior da prova, recebemos uma mensagem da equipe desejando boa prova e passando instruções. Uma das dicas era sobre as braçadas e respiração. Li, mas fiquei preocupada, pois o fôlego ainda não é meu forte. A sorte que conversando com uma amiga, aluna também, ela me contou a técnica dela, decidi ali que iria fazê-la e aquilo já me deu segurança.

Enfim, chegou o grande dia da prova! E eu repetia internamente: você não está preocupada com tempo, performance ou qualquer outra coisa, você só quer completar! Analisei a largada do triathlon hi limits, os mais violentos, vi o barro subir e comecei a me preocupar com a visibilidade, onde largar, etc. E novas repetições mentais: não enxergar o fundo não é problema, o barro não me afeta, a roupa faz boiar. Fui me sentar e me concentrei em todos os treinos e tudo que eu sabia.

 

 

Hora da largada. Larguei mais para a lateral, o frio em contato com a pele foi a primeira sensação boa. E comecei: duas respirações laterais e uma pra frente, duas respirações laterais e uma pra frente, correção da rota, etc. E aí vem a parte boa, passada a lama inicial levantada, você o fundo!  E nadar ali te faz se sentir livre, te motiva, empolga. Pelo menos foi assim pra mim! Claro, é MUITO mais cansativo nadar em águas abertas: você não tem a borda, não tem o fundo. Quando dei por mim, extasiada, já estava chegando na primeira bóia e aí encontrei uma amiga com problemas com o óculos. Paramos, conversamos, boiamos, usamos algumas braçadas de costas e, em seguida, continuamos. Chegamos e, pra mim, ficou a certeza de que venci mais um desafio, um desafio prazeroso.

Acho que a água deve ser respeitada sempre! Mas um treino bem feito, saber como nadar nesse tipo de situação e a cabeça te fazem completar uma travessia. A minha, por enquanto, foi pequena (500 metros), mas no futuro pretendo repetir o desafio e, com o tempo, ampliá-lo.

A conclusão que eu chego é que a travessia, assim como a corrida, exige duas coisas: treino e cabeça.

 

 

 

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